10 agosto 2012

46 - Ar Maternal



Depois daquela sedução fracassada contra Phillip e de outras manobras malsucedidas, Luciana resolveu que deveria impressionar Elena e resolveu fazer uma visita surpresa em sua residência.
Colocou uma roupa que deixava um ar maternal, coisa que Luciana detestava passar, pois mesmo com a barriga atrapalhando continuava a usar roupas sexies e justas, mania que sempre cultivou. Luciana só engravidou por interesse, não sentia nenhum amor por aquela criança e assim que nascesse seria cuidada por babás e pela a avó; sua mãe e, se livraria um pouco do peso da maternidade.
Luciana pouco engordou, mesmo grávida fazia tudo quanto era dieta, não queria se sentir inchada e gorda, pelo menos parou de fumar, não queria um bebê com problemas de respiração, pois não queria gastar dinheiro com isso, queria o dinheiro especialmente só para si. Colocou um longo vestido verde claro marcando com um laço a barriga de oito meses e completou o visual com um coque alto e um olhar marcado com muito rímel e delineador. Pegou seu carro e saiu triunfante apostando que Elena fosse amolecer com sua figura e sua bela barriga. 
Estava contando com isso e queria que Phillip fosse estimulado pela mãe.
Assim que entrou no condomínio fechado e o porteiro anunciou sua chegada, Luciana caminhou até a porta de entrada pela qual Elena já a estava esperando, em uma pose sóbria, segurando seu cotovelo direito e colocando a mão no queixo, pensativa. Elena era uma mulher simpática e nada hostil, com qualquer que fosse, ela sempre queria ouvir o que tinham a dizer até dar uma opinião a respeito. Já sabia de tudo o que Luciana aprontara com Phillip, mas apesar de tudo, ela estava grávida e realmente, podia ser seu neto.
Cumprimentaram-se e Elena convidou Luciana a sentar-se no grande sofá da sala. Pediu a Ivete que preparasse alguns lanches e dois sucos de uva.
- Como você está se sentindo, Luciana? - perguntou Elena com o sotaque característico.
- Me sentindo cansada, Dona Elena. Não vejo a hora de carregá-lo em meus braços. - falou Luciana fazendo ar angelical.
- Normal, já estamos quase no fim da gravidez, falta pouco. Também não vejo a hora de ver a carinha dele. Você já sabe o sexo? 
- Prefiro a surpresa. Comprei algumas roupinhas mais cedo. Trouxe para a senhora dar uma olhadinha, quando saí do shopping, pensei "Por que não visitar Dona Elena?". Veja se gosta! - falou Luciana abrindo sua bolsa e tirando uma pequena sacola de uma marca famosa com duas roupas, um pijaminha estilo terninho com gravatinha borboleta marrom claro e um vestidinho com estampa de oncinha.
- Quanta graça! E estão na moda, bem o seu jeitinho. - falou Elena extremamente constrangida.
- E ainda comprei esse sapatinho, olha que luxo! - falou Luciana mostrando um sapato minúsculo cheio de pedrinhas brilhosas.
- Já pensou no nome?
- Estou com alguns em mente, mas gostaria muito de discutir isso com Phillip. Sabe, Dona Elena, não vim aqui mostrar as roupinhas que comprei, mas pedir para que a senhora converse com Phillip para que ele me dê ouvidos. Ele não me liga e quando eu ligo, faz pouco caso. É tudo tão deselegante.
- Meu filho tem andado tão ocupado, mal o vejo também! - tentou se justificar Elena. 
- Não, não, a senhora sabe que ele não aceita esse filho, ele acha que não é dele, onde já se viu isso, sempre fui devota a ele, ao relacionamento. Vim aqui, pois sei que a senhora é sensata e vai abrir o olho do seu filho, pelo grande problema que ele está me causando.
- Qual o problema? - perguntou Elena espantada.
- Com o descaso dele, tenho estado deprimida e melindrosa, com medo do futuro, o que será dessa criança sem o pai? E se eu tiver uma depressão pós-parto? 
- Não é bem assim, Luciana. Você não está exagerando? Você tem os cuidados de sua mãe, não é mesmo?
- Mas a senhora sabe que não é a mesma coisa, sabe que ter a figura masculina é muito importante, desde a fase uterina!
- Sim, é verdade. Você tem toda a razão. - falou Elena bebendo seu suco de uva.
- Pois então, esse namoro com essa menina não terá grandes consequências, conheço Phillip muito bem, ele está chateado comigo e a está usando para me fazer ciúmes e sim, já surtiu o efeito, estou com ciúmes. Eu o amo, Dona Elena e o quero de volta ao lar. Será que a senhora poderia me ajudar? - perguntou Luciana fazendo cara desolada, esperando reposta.
- Bem, eu não posso forçar meu filho a voltar a se relacionar amorosamente com você, não posso isso, Luciana. E não acredito que ele esteja usando Carolina, não é da índole dele. E acredito que deva partir dele, a vontade de conversar com você, ele já é bem grandinho para decidir isso, não tenho mais poder de interferir. Mas, se isso lhe fizer feliz, eu converso com ele. - falou Elena polidamente.
Luciana deu um sorriso sorrateiro, agradecendo com gentileza a boa vontade da ex-sogra e com isso, usou a tática da barriga e estava torcendo para que o bebê se mexesse para dar mais dramatização ao apelo.
- Venha cá, Dona Elena, não se intimide, acaricie seu neto. É seu neto quem está aqui, querendo apenas que tudo volte ao normal. - falou Luciana puxando a mão de Elena ao encontro de sua barriga.
Elena aceitou o gesto de Luciana, mas ficou em uma posição desconfortável, não iria adiantar nada falar com Phillip para convencê-lo de que o certo seria voltar com ela. Eles já tinham conversado sobre isso antes e ele estava certo de que iria ser um bom pai, mas que não o julgasse por não ficar com Luciana. Sua decisão foi respeitada e agora Luciana estava ali, implorando uma decisão já tomada por seu filho. Não sabia o que fazer.
- Ele está dormindo... - falou Elena.
- É, essa é a hora que ele fica quietinho. Ele se agita mais durante a noite. Vamos xuxuzinho, acorde por um momento para dar um alô para a sua vovó! - falou Luciana acariciando sua barriga. - E como está Seu Constantin? - continuou Luciana.
- Está ótimo, no trabalho. Sentindo-se útil.
- Isso é incrível! Depois da adversidade que passaram...
- Sim, Constantin tem estado cada dia melhor. Como foi o seu Natal?
- Foi bom, mas poderia ter sido melhor, mamãe reuniu um grupo de amigas solteironas para a ceia. Só mulheres! - Luciana fingiu simpatia e riu com seu próprio comentário.
- Deve ter sido divertido. - falou Elena retribuindo o sorriso.
- E como!!! O réveillon passei em casa com mamãe. Estava cansada e não queria nada agitado. - mentiu Luciana, lembrando-se do barco em alto mar, em um festão organizado por um amigo de Fred em que ele também havia comparecido. - E o seu, Dona Elena, como foi?
- Reunimos todos aqui em casa no Natal. Phillip trouxe a família de Carol para cá e Otto trouxe a namorada. Foi muito divertido! - falou Elena sem notar a expressão carrancuda de Luciana. E no Ano Novo, eu e Constantin viajamos para uma pousada e ficamos lá por uma semana, enquanto Phillip passou a data na casa de um casal de amigos na praia. Simples, como você vê. - finalizou Elena buscando seu copo de suco para molhar a garganta.
- Muito simples... - Luciana mostrou os dentes, em um sorriso amarelo.


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