16 agosto 2012

38 - Sedução


Sentada no grande sofá da sala de seu apartamento com os braços estirados na parte superior, Luciana confabulava com Fred, seu advogado, uma maneira de reconquistar Phillip e se casar com ele. Fred era um sujeito que em nada parecia um advogado correto e honesto, ele dava corda para Luciana realizar suas maluquices e se apoiava nela para também usufruir de seu quinhão. Luciana estava convicta de que conseguiria o planejado, mas esbarrava em Carolina.
- Essa garota apareceu para atrapalhar. O que eu faço com ela? - perguntou Luciana.
- Você não vai precisar fazer nada, é só conquistar o cara que ela desaparece. - respondeu Fred.
- Você não sente nenhum ciúme? - perguntou Luciana curiosa.
- Não, paixão, sei que você é toda minha! - falou Fred acentuando a voz. - Essa criança vai amolecer aquele idiota!
- É essa a minha preocupação... - falou Luciana olhando para o teto.
- Não sei por quê!
- Não será fácil, Fred. Fico pensando; em que mundo você vive? Você é advogado e ainda assim me parece tolo às vezes.
- Só estou querendo te animar, paixão.
- Eu não quero que você me anime, quero que você me dê uma solução! - bradou Luciana.
- A única solução é essa. Você tem que ir atrás de Phillip, seduzi-lo e fazê-lo se casar com você e de preferência em comunhão de bens! Pois, paixão, você não tem direito nenhum àquela casa em que moraram. Aquele apartamento já era dele antes mesmo de conhecê-la...
-Tá, tá, já sei! É uma pena, pois aquele apartamento daria uma ótima grana. Mas, Fred, nenhuma lei o obrigará a se casar comigo por causa dessa criança!
- Eu sei, mas é aí que você entra, conquistando-o. Você é muito boa em manipulação.
- Mas não tem outro jeito? Preciso me casar com ele?
- Se você se contentar com a pensão que ele te der... Senão, terá que assinar os papéis de um casamento. E eu estarei lá para ver isso. - falou Fred dando uma risadinha.
- Para você é tudo fácil, não é? Não é você quem vai se casar! - falou Luciana com raiva.
- Mas estará com a mão na fortuna dele. Nós... - insinuou Fred.
- A fortuna do pai dele, você quer dizer, aquele gordo chato cheio de manias é um cofre valioso. Será que você não pode dar um jeito neste teste de paternidade? Fazer logo isso?
- Mas você mesma recusou! Você quer correr risco de perder a criança?
- Você dá um jeito no exame, sem eu precisar fazê-lo! - insinuou Luciana.
- Não é bem assim, paixão, não é fácil falsificar um teste de DNA.
- Você é mesmo um incompetente! Posso me recusar a fazê-lo, não posso?
- Pode, mas também não receberá a pensão! Você tem certeza que esse filho é dele, não tem? - perguntou Fred desconfiado.
- É claro que tenho, seu paspalho! Ou você acha que estaria fazendo isso tudo para passar vexame depois? - falou Luciana titubeante.
- Não sei. Estamos há tanto tempo juntos, pode ser meu! Mas, eu perdoo você pela traição. - falou Fred jocoso.
- Traição uma ova, você estava bem ciente disso.
- Você é maravilhosa! - elogiou Fred.
Luciana se levantou, ostentando seu belo salto vermelho e se moveu de um lado para o outro pela sala, mentalizando uma conta. Já estava de seis meses de gravidez e já se sentia cansada e mentalmente confusa.
"Não seria possível que esse bebê não fosse de Phillip. Engravidei logo depois que me encontrei com ele, não tinha como errar." , pensou Luciana.
Pegou o celular que estava em cima da mesa de centro e ligou para Phillip, sob o olhar atento de Fred.
- Phillip, sou eu, Luciana, não estou me sentindo bem, será que você poderia vir aqui? - perguntou Luciana fazendo voz manhosa.
- Sua mãe não está aí com você?
- Não! Estou sozinha e com medo, Phillip, por favor! - insistiu Luciana, fazendo sinal para que Fred fosse embora.
- Ok, chego aí daqui a pouco.
Assim que Phillip chegou, Luciana já estava diferente, tirou seu salto alto, colocou uma sandália, uma calça pijama e uma blusa que realçava seus seios, que estava com dois números maiores devido à gravidez. Assim que se deparou com Phillip, o abraçou, dando-lhe um beijo no rosto e fazendo charme.
- Você demorou muito!
- Vim no máximo que pude, Luciana. - falou Phillip sem paciência.
- Venha aqui, senta comigo. - Luciana puxou Phillip para o sofá.
- Onde está sua mãe?
- Ela foi ao shopping com uma amiga, eu preferi ficar em casa e comecei a sentir dores, um enjoo estranho. Achei que fosse perder o nosso bebê! - falou Luciana apressada.
- E agora, passou por um milagre?
- Estou bem melhor sim, acho que sua presença me fez isso.
- É melhor irmos ao médico ver isso direito, pode ser algo sério.
- Xiuuu, não precisa não, bobinho - falou Luciana, colocando seu dedo nos lábios de Phillip.
Luciana aproximou-se mais um pouco de Phillip que estava nitidamente incomodado com aquela persuasão. Luciana pegou a mão de Phillip e o direcionou até sua barriga, fazendo Phillip acariciá-la.
- Você nunca fez isso, Phill. O que sente?
- Sinto que tem vida aí dentro, mas acho que ele está quieto agora. - disfarçou Phillip.
- Está quieto porque você está aqui, ele sente quando o pai está próximo e se acalma. - falou Luciana dengosa.
- É, deve ser. 
- Como você sabe que é menino? - perguntou curiosa Luciana.
- Não sei, mas a gente sempre se dirige a um bebê como masculino, é normal. Você fez o exame para saber o sexo? - perguntou Phillip ainda com a mão na barriga de Luciana.
- Não, quero saber na hora e você vai estar lá, não vai? 
- Acho que sim. - falou Phillip sem saber se iria estar no parto, não queria muita aproximação com Luciana e não queria ter problemas com Carolina. Não por causa de Carolina, mas também por ele, achava melhor manter distância. Mas, ficou um pouco incomodado com sua beleza, ela estava muito bonita grávida, não tinha como negar, Luciana era uma mulher muito bonita.
Notando que Phillip estava em alfa, Luciana aproveitou e deu-lhe um beijo, que fez Phillip levantar em um solavanco.
- Não, Luciana, não misture as estações. Estou aqui por causa do bebê e porque você me pediu, não pense que vim ver você. - explicou Phillip.
- Não estou pensando em nada, querido, só não resisti aos seus lábios, me lembrei do começo do namoro, você se lembra? Beijávamos tanto... Sinto tanta a sua falta... - falou Luciana olhando para Phillip, mexendo em seus cabelos loiros.
- Você sente, mas eu não. - Phillip a olhou de cima.
- Como você pode esquecer? Nossas noites eram quentes, você era um amante sensacional! - Luciana falava e ao mesmo tempo se acariciava, tentando tirar Phillip do sério.
- O amor não é só isso, Luciana, as nossas transas eram ótimas, mas você não era companheira, o que adianta tudo isso?
- Mas eu posso ser agora! Estive pensando, querido, depois que descobri que tem uma vida dentro de mim, meu pensamento mudou, me sinto mais responsável, mais amorosa. Sei que mudei e sei que podemos ser um casal novamente, é só você querer.
- Pena que isso tenha vindo tarde demais. Você está esquecendo-se de algo. E se chama Carolina. - Phillip falou pausadamente.
- O que? Carolina? - debochou Luciana. - Sei que ela não significa nada para você. É apenas um passatempo, um modo de fazê-lo esquecer-se de mim, mas você não conseguiu, sou mais forte que ela!
- Cala essa boca, você não sabe o que está falando! Se você me chamou aqui para me convencer a voltar com você, pode tirar esse pensamento já da sua cabeça. Isso não vai acontecer!
- Então, quer dizer que você não me ama mais? Não se importa mais comigo?
- Francamente, minha querida, estou pouco me importando com você. Só me chame em caso de extrema necessidade, em relação ao bebê, que não tem culpa da mãe que tem. Só fale comigo se for por causa dele e nada mais.
Depois dessa falácia, Phillip saiu trincando as mandíbulas e mais uma vez Luciana aprontava com ele.
“Será que ela ainda não entendeu que não vai tirar nada de mim? Pelo menos não emocionalmente? Eu já estou com o corpo e o coração fechado para Carolina, ela sim é companheira, amável e deliciosa em tudo o que faz. Por qual razão eu trocaria Carolina por uma pessoa egoísta e mesquinha? Acho que já sei o que fazer para que Luciana pare com essas chantagens emocionais.” - pensou Phillip rumando para o escritório.


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