04 setembro 2012

26 - Intimidades


Depois daquela peixada, Phillip, Carolina, Miguel e Júlio, não aguentaram o cansaço e fizeram uma grande sesta. Miguel foi carregado por Carolina para o seu quarto. Júlio, sentado no sofá e batendo a cabeça na parede, resolveu se levantar e foi para a sua cama. Phillip e Carolina ficaram ali mesmo, na sala, encostados nas almofadas, deitados no tapete felpudo bege. Estavam todos assistindo a um filme na TV, mas o sono foi maior, dando espaço ao silêncio.
Quando Phillip e Carolina já estavam se recompondo, era quase noite e mesmo com toda a preguiça, resolveram fazer uma caminhada.
- Vamos para o nosso refúgio? - sugeriu Phillip.
- Vamos, mas antes, podemos tomar uma água de côco na praia? Depois a gente vai para lá, que tal? 
- É uma boa ideia. - respondeu dando um beijo em sua amada.
Carolina deixou um bilhete na porta da geladeira, informando que daria uma volta com Phillip pela praia e que ligaria mais tarde.
Pegaram o carro e zarparam para a praia. A noite era de lua cheia e a praia estava cheia, muitos ainda mergulhavam. O calçadão exibia bicicletas, algumas pessoas correndo e fazendo caminhada, casais de namorados de mãos dadas, família fazendo um lanche nos quiosques e muitos caminhando com seus bichinhos de estimação. O clima era agradável.
Eles andavam, observando as pessoas e relembravam o dia de pescaria e a tarde na casa de Carolina, fazendo Phillip mencionar como fora divertido conhecer a família de Carolina.
Pararam em um quiosque e os dois degustaram de uma boa e gelada água de côco.
Depois de uma caminhada longa, resolveram ir para o refúgio.
Assim que chegaram, se acomodaram na cama, ligaram a nova televisão, que Phillip tinha pedido para a mãe comprar e colocaram um filme, de ação.
- Uau, bem melhor a televisão agora, hein? - falou Carolina.
- Não dava para assistir naquela TV de 12 polegadas, concorda?
- Não mesmo, onde você colocou a outra? 
- Deixei na cozinha, para quando você estiver cozinhando algo para nós. - falou Phillip zombeteiro.
- E você também, meu bem, pensa que vai sair ileso disso, é?
- Hmmm, acho que não... - riu Phillip.
- Por falar em cozinha, vou fazer uma pipoquinha, que tal, tem aí? - perguntou Carolina.
- Tem sim. Ivete fez algumas comprinhas básicas para a casa e pipoca é uma delas.
- Sua mãe sabe que estamos vindo para cá?
- Contei para ela sim, Carol. Não precisa ficar envergonhada, minha mãe é das antigas, mas não é careta. Ela levou numa boa. Minha mãe gostou de você.
- Sei lá, Phill, tenho um histórico inseguro. Ainda mais se tratando da mãe do meu amor... - explicou Carolina.
- Deixa de bobeira! Vamos, eu te ajudo na pipoca! - falou Phillip andando e abraçando Carolina.
Voltaram com um balde de pipoca, acomodaram-se novamente na cama e deixaram o filme começar. Mas, de repente, Phillip falou:
- Me conte seus segredos! - falou num ímpeto.
- Meus segredos? - perguntou Carolina surpresa.
- Exatamente!
- Se eu contar os meus, você vai contar os seus?
- Claro! Mas não espere algo anormal. - riu Phillip.
- Bem, me deixa pensar em algo... Já sei, vou começar pelo meu livro preferido, que é "O Diário de Anne Frank". Comecei a escrever um diário quando terminei de ler este livro. A vida sofrida, a falta de perspectiva e mesmo assim a esperança de que tudo vai ficar bem, me deixou motivada a escrever. Não posso reclamar da minha vida, sou livre, posso fazer o que quiser sem me preocupar se vão me perseguir ou me matar. Foi uma grande lição. Escrevo em um diário há alguns anos. Não é tanto um segredo, mas é o que me veio à mente agora. - falou Carolina sorrindo.
- Vou querer ler esse diário. - falou Phillip piscando para Carolina.
- Jamais! - exclamou. - Só quando eu morrer!
- E se eu morrer antes?
- Vai ficar sem ler! - Carolina falou dando um tapinha no ombro de Phillip. - E você? Qual o seu segredo?
- Não é um segredo, mas uma mania. Eu falo comigo diante do espelho. Não é narcisismo, não! Eu ensaio o que tenho para falar em reuniões, para não falar besteira, essas coisas.
- Já ensaiou comigo? - perguntou Carolina curiosa.
- Preciso admitir que sim, Carol. Quando a pedi em namoro!
- Que fofoooo! - Carolina falava alongando a palavra e dando beijinhos carinhosos no rosto e no pescoço de Phillip.
- Você me deixa assim... Fazer o que!? – falou Phillip fazendo cara de conquistador.
- Bobo! - riu Carolina. - Tenho outro...
- Outro o que? 
- Segredo.
- Qual é? - perguntou Phillip curioso.
- Eu já escolhi o nome do meu filho. 
- Do nosso? - falou Phillip fazendo uma correção.
- Hmmm, ok, do nosso. - Carolina estava encabulada.
- E qual seria o nome dele?
- Bem, dela na verdade... Seria Olívia. Adoro esse nome.
- É bonito mesmo, aprovado! Já que escolheu o nome para a menina, eu escolho o do menino, estamos combinado?
- E qual seria? 
- Ainda não sei, mas vou pensar com carinho. - falou Phillip dando um abraço apertado em Carolina e um longo beijo.
A relação passou para outro nível e era nítida a intimidade do casal. Já estavam na fase dos segredos, das juras e do companheirismo latente que um relacionamento amoroso proporciona. Eles se entregaram com vontade e disposição ao amor.
Nada e ninguém podia atrapalhar aquele casal...

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