06 setembro 2012

25 - Acolhimento


Assim que chegaram em casa, um pouco cansados e um tanto quanto eufóricos, Carolina entregou uma toalha para Phillip tomar uma ducha e tirar aquele cheirinho de peixe. Agatha, a gata, estava feliz pela presença da família e pelos peixes também, ficando agitada. Carolina pegou-a no colo e segurou sua patinha na mão de Phillip, apresentando-a a ele. 
Júlio encaminhava-se para a cozinha, enquanto Miguel tirava toda a sua roupa e ia para o banheiro do quarto do pai. Carolina estava preparando a mesa para o almoço, guardando as coisas que levaram para a pescaria e aproveitou para colocar o peixe Dourado no freezer para que Phillip levasse mais tarde para casa.
Não demorou muito e Phillip saiu do banho, dando o lugar para Carolina. 
Júlio gritou por Phillip da cozinha, pedindo ajuda. Phillip colocou o avental e acompanhou Júlio no preparo do Tucunaré. Júlio ensinou a tarefa de limpar o peixe e tirar as escamas e assim que ficou limpo, descansaram o peixe por uma hora no suco de limão, com um pouco de tempero de alho. 
Enquanto isso, todos ficaram na sala, Júlio mostrando os álbuns de fotos dos filhos a Phillip e Miguel querendo mostrar seus jogos e bonecos. Carolina divertia-se com o jeito sem graça de Phillip, pois não sabia a quem agradar. Carolina então o puxou para o seu lado, dizendo que iria mostrar seu quarto e o restante da casa.
A casa de Carolina era pequena, mas acolhedora. Cada um tinha o seu quarto e ela gostava de organizar a casa do seu jeito e curtia cada cantinho dela. 
Phillip sorriu quando entrou no quarto de Carolina, queria saber como era o cantinho de sua amada.
Era um quarto pequeno com paredes brancas, tirando a parte da cama, que era pintada na cor roxa. A cama ficava entre dois blocos de parede que continham prateleiras com livros, porta-retratos e enfeites. Dois quadros enfeitavam o quarto; uma imagem de uma coruja e uma árvore gigante com um casal de crianças sentado no tronco. A cama tinha uma colcha branca com estampas florais e três almofadas coloridas. O armário embutido era branco e grande. A escrivaninha, que ficava encostada na janela com as persianas abertas, também era branca e continha um porta lápis com algumas canetinhas que Phillip lhe dera, uma luminária branca, algumas revistas, um caderno e um vasinho com cactos, completando a decoração.   
- Seu quarto é uma belezura, Carol. É a sua cara! - falou Phillip.
- Adoro o meu quarto. Esqueço da vida, ali na minha cama, lendo meus livros. - falou Carolina sorrindo.
- Esquece até de mim?
- De você? Nunca! - riu e abraçou Phillip, dando-lhe um beijo apaixonado.
Enquanto Carolina estava ajeitando sua cama, Phillip pegou um porta-retrato. Era a mãe de Carolina sorrindo para a filha.
- Sua mãe era muito bonita e você se parece muito com ela!
- É... Todos falam isso e fico muito feliz, sabe? Sou uma continuação de sua vida. Todos nós sentimos muito a falta dela. Meu pai até hoje sofre muito, apesar de estar sempre divertindo a todos. Sinto muita saudade... - falou Carolina melancólica.
- Nada de tristeza. Não quero vê-la assim. - Phillip segurou uma lágrima que caíra no rosto de Carolina. - Por falar nisso, minha mãe mandou um beijo para você. E Constantin também! - continuou Phillip tentando animá-la.
- Obrigada! - sorriu Carolina. - Venha, vou te levar ao quarto do Miguel. 
Quando passaram pela sala, Miguel foi atrás deles.
O quarto do garoto tinha bastante espaço vazio, uma cama com uma colcha de retalhos e logo acima uma enorme prateleira com a mesma extensão da cama com os bonecos de todos os tamanhos de um lado e alguns livros do outro. Um armário pequeno ficava em um canto e uma mesinha servia de apoio para os trecos de Miguel. O piso era de tábua corrida clara e a parede, azul marinho, cor preferida do garoto.
- Deixamos um espaço maior para ele brincar. - falou Carolina.
- Aposto que deixa tudo espalhado! - brincou Phillip bagunçando a cabeça de Miguel.
- Ahhh, deixa! - exclamou Carolina.
Miguel arrastou Phillip para o quarto do pai. Era um quarto pequeno e bem arrumado. A cama de casal estava forrada por uma colcha marrom e no chão, um par de chinelos de couro estava arrumado em cima de um tapete de crochê bege. Na parede onde a cama ficava, tijolinhos aparentes davam ao quarto um ambiente charmoso. 
- Vi na revista, achei bonito e pedi para fazerem. Achei que combinava com meu pai. Meio rústico, como ele. - falou Carolina a Phillip. 
Uma janela alta e retangular ficava em um canto sobressalente próxima da cama. Uma bancada escura com grandes gavetas apoiava uma televisão e alguns porta-retratos. O armário era da mesma madeira da bancada, também escura.
Miguel saiu correndo para mostrar a novidade da bancada, que tinha uma parte solta, onde ficava a televisão, que se mexia para qualquer lado.
- Esse, meu pai mandou fazer. - falou Carolina.
- Seu pai trabalha com o que? - perguntou Phillip.
- Ele é aposentado agora, mas foi comerciário, gerente de um fábrica de material de papelaria.
- Bacana! - falou Phillip.
- Eu ganhava muitas coisas de lá. - afirmou Miguel.
Foram ao banheiro. Mas, Phillip alertou Miguel que já conhecera, até tomara banho nele. O banheiro tinha uma pia branca com torneiras de cobre, um espelho retangular grande com moldura também em cobre e dois retratos médios na parede, fotos de Carolina e Miguel quando pequenos, fazendo companhia a um puxador com uma toalha bordada.
- Achei os quadros bem divertidos. - falou Phillip.
- A intenção era essa, sugeri a ideia e Miguel escolheu as fotos. - falou Carolina. - Queria algo em que a visita entrasse e desse um sorriso: Nós, fazendo palhaçadas. - continuou Carolina.
- A ideia surtiu o efeito desejado, ficou ótimo! - falou Phillip.
- Toda vez que eu entro, eu rio para elas, acho muito engraçado! - falou Miguel. - Vamos colocar uma do Phillip? - sugeriu.
- Uma boa ideia. - Depois você escolhe, ok? - falou Phillip a Miguel.
- Oba! 
A sala era um ambiente aconchegante. O sofá era um convite para relaxar e não sair mais. Tão diferente da casa de Phillip, em que a sala era um ambiente mais frio.
O sofá era branco de três lugares com várias almofadas frufrus rosas e azuis, que dava um ar divertido. A janela ocupava a maior parte da sala que também tinha um vaso de plantas que ficava em cima de uma mesa ao lado da janela acompanhando um pequeno vaso de porcelana. Uma mesa de centro de madeira tinha um livro de fotos de Marilyn Monroe e duas velas artesanais, uma maior que a outra, azuis. Uma estante baixa com alguns livros e outras decorações e um tapete felpudo de cor bege ficava no meio, lugar em que Agatha se encontrava, balançando vagarosamente o rabo. A sala tinha outro ambiente menor, onde ficava a mesa de jantar com quatro cadeiras e uma rede vermelha, próxima a janela. Na casa de Carolina, as cortinas eram em sua maioria de persiana, mas ali, era de pano, na cor amarela.
- Essa rede, ô que vontade de deitar nela! - falou Phillip.
- Essa rede é tão antiga... Quando mamãe e papai viajaram para o nordeste. Eles trouxeram de lá quando Miguel não tinha nem 1 aninho. Nós o colocávamos na rede e ele adorava, dormia confortavelmente, mas lógico, estávamos por perto, não deixávamos sozinho. Era afrodisíaco para ele. - falou Carolina.
- Posso imaginar. Em dias de frio deve ser gostoso.
- Gostoso demais. Às vezes, me deito nela, pego um livro, um cobertor e você já sabe o que acontece...
- ... esquece do mundo. - Phillip completou a frase.
- Exatamente! 
- Bem, já que estou devidamente apresentado a casa, já posso me sentar neste belo sofá? - perguntou Phillip se dirigindo ao sofá da sala.
- Não! Phill! Temos o Tucunaré para preparar, já se esqueceu? - bradou Júlio.
- Ah... É verdade! - suspirou Phillip.
- Anda! Deixa de moleza! De volta ao trabalho!
Phillip gostava daquele clima de família italiana. Também era igual ao Miguel, gostava de bagunça e diversão. 
Os dois homens entraram na cozinha e verificaram o peixe. Já estava no ponto. Júlio deixou os ingredientes prontos para que Phillip preparasse e assim que terminou, Júlio ensinou Phillip a abrir a barriga do peixe e colocar todo o tempero em seu interior. Colocaram palitos para prender e colocaram em um pirex embrulhado com papel alumínio, colocando em seguida no forno para assar por trinta minutos. Depois, encaminharam-se até a sala para fazer companhia aos demais.
- E aí, como foi? - perguntou Carolina.
- Fácil, não? - perguntou Júlio a Phillip.
- Molezinha!
- Depois de trinta minutos, vamos tirar o papel alumínio e deixar mais dez minutos no forno para ficar ainda mais saboroso.
Quando já estava tudo pronto, Carolina enfeitou a mesa com um vasinho de flores para dar um ar romântico. 
- Vamos namorar o peixe. - falou Carolina a todos.
- Está demorando demais, estou com fome! - resmungou Miguel.
- Já podem se servir. Quero a nota no final! - exclamou Júlio.
E todos se postaram a mesa, Phillip e Carolina de um lado e Júlio e Miguel do outro. Agatha estava fazendo sua refeição na cozinha. 
O espaço da refeição estava iluminado, a luz do sol brilhava com toda a sua energia no ambiente. A imagem que se mostrava ali, era de uma família sorridente e feliz, vivendo o agora e esquecendo todos os problemas, pois eles viriam, mas não naquele momento. Um dia de esperanças é sempre bem vindo e sempre acalentador. 
Brindaram mais uma vez àquela conquista e ao encontro.



"Não há nada que não se consiga com a força de vontade,
a bondade e, principalmente, com o amor".  
Cícero.

Nenhum comentário:

Postar um comentário