17 setembro 2012

20 - Desabafos



Phillip desligou a ligação com Carolina, mas a achou um pouco triste e bastante monossilábica, mas pensou que seria em função da audiência. Já estava se preparando para ir embora do trabalho quando resolveu falar com Otto.
- E aí, tudo na paz, irmão? - perguntou Otto.
- Por enquanto... Sexta está chegando e estou preocupado.
- E o que seu advogado falou?
- Disse que tudo vai ser resolvido, que era para deixar nas mãos dele. - falou Phillip alisando a testa.
- O cara tem muita confiança, gosto dele! - ironizou Otto.
- Ele é dos bons. Sempre foi muito correto e seu trabalho prova isso.
- Cara, você está em boas mãos, vamos tomar um chopp mais tarde?
- Acho que vou aceitar, irmão.
E juntos desceram para o bar, que estava cheio.
- Esse chopp gelado está no ponto, precisava disso, cara! - falou Phillip dando um estalo na língua.
- É um santo remédio, você precisa vir mais vezes. Estamos sempre por aqui.
- Não posso, Otto, esses dias tenho estado bastante ocupado e você sabe, tem a Carol, quero ficar o tempo todo com ela.
- Hmmm, apaixonado, cara? Ela conseguiu te fisgar.
- Ela é uma mulher maravilhosa, nada a ver com a Luciana. Como pude ser tão idiota? 
- Acontece, cara. As mulheres sabem muito bem camuflar seus defeitos no início de um relacionamento, depois vão mostrando as garrinhas.
- Mas, cara, Luciana era um amor, era doce, companheira, o que será que deu nela? - falou Phillip confuso.
- Ela levou um pé na bunda. Algumas não aguentam o tranco.
- E você, Otto, como está àquela garota com quem você estava saindo?
- A Martinha ou a Vanessa? - perguntou Otto com a sobrancelha levantada e sorrindo de lado.
- O que? - riu Phillip.
- A Vanessa não tenho visto mais, a Martinha saímos às vezes.
- Com você nada rola sério, hein?
- Rola tudo, irmão, tudo coisa seríssima - riu Otto.
- Hmmm, entendi. Rola de tudo, só não rola dúvida! 
- Exatamente, meu irmão! Temos que aproveitar a vida com a errada antes que apareça a certa! - falou Otto.
- Você e suas teorias... - falou resignado Phillip.
- Temos que curtir, só isso que digo. Em uma dessas, encontro a mulher para a toda a vida, para o todo sempre - debochou Otto.
- Fica de deboche, ainda verei você apaixonado! - riu Phillip.
Tomaram outro gole do chopp gelado e resolveram conversar sobre futebol desta vez.
Depois de quase três horas no bar, Phillip chegou em casa, viu os pais reunidos na sala e resolveu que seria a hora de conversarem sobre Luciana.
- Oi, pai! Oi, mãe! - falou Phillip sorridente.
- Oi, meu filho! Chegou mais tarde hoje... - falou Elena.
- Estava com Otto, tomando um chopinho.
- Faz bem meu filho, não se esqueça dos amigos, Otto é um cara bacana. Chame-o para fazer aquele churrasco novamente! - falou Constantin.
- Ele vai gostar, pai. Pai, mãe, preciso conversar com vocês.
- O que foi, meu filho? - Elena ficou com um semblante preocupado.
- Luciana aprontou mais uma... - começou Phillip.
- O que ela fez? - perguntou Constantin.
- Ela agora entrou na justiça pedindo pensão para o nosso filho - falou Phillip enfático.
- Como é? O que? - perguntou Elena e Constantin ao mesmo tempo.
E a noite fria, foi longa.
Do outro lado da cidade, Carolina estava deitada em sua cama, com um livro na mão, mas não estava lendo, estava brincando com suas pontas duplas, puxando-as pelo comprimento do fio até se partirem, quando resolveu ligar para Luca, contando o que aconteceu na Biblioteca.
- Oi, Luca, sou eu, Carol.
- Oi, amiga, tudo bem?
- Ah, Luca, estou deprimida... Não, chateada... Sei lá, acho que as duas coisas. - Mas você está com tendências suicidas? - perguntou Luca assustado.
- Claro que não! Não é para tanto, Luca! - riu Carolina.
- Bem, pelo menos fiz você rir, não está tão ruim assim... Mas o que houve?
- A maluca da Luciana não foi até à Biblioteca hoje?
- Juraaa!? - Luca fez a palavra nunca terminar.
- Juro e digo mais, ela não foi só olhar meus olhos cor de mel, colocou o dedo na minha cara e falou para eu sumir do mapa!
- Menina, isso não é ameaça? 
- Se é! E tenho duas testemunhas e mais o salão inteiro, que estava cheio, pois ela fez questão de falar em alto e bom som.
- E seus colegas? Com a cara na poeira?
- Com a cara na poeira, todos chocados com a maluca. 
- Aquela maluca! - falou Luca.
- Aquela maluca! - repetiu Carolina.


Nenhum comentário:

Postar um comentário