18 setembro 2012

19 - Aviso Solene


Acomodado em sua cadeira giratória de seu escritório, Phillip pensava no problema que iria enfrentar, quando seu telefone tocou. Era Ana, a recepcionista.
- Phill, é o Dr. Murilo, retornando sua ligação. - comunicou Ana com voz séria.
- Pode passar, Ana, obrigado.
Phillip se ajeitou na cadeira, pigarreou e falou:
- Oi, Dr. Murilo, tudo bem?
- Sim, meu caro, tudo bem, graças a Deus, mas e com você? 
- Ah. Dr. Murilo, está tudo errado, Luciana, minha ex, pediu na justiça uma pensão alimentícia para uma criança que ainda nem nasceu e eu nem sei se é realmente minha.
- Ih, meu caro, complicado, hein? - falou Dr. Murilo pensativo.
- O que eu devo fazer? - perguntou Phillip.
- Quando será a audiência?
- Nesta sexta-feira. 
- Bem, vou fazer uma contestação exigindo um teste de DNA e pedindo mais tempo. Vou fazer agora para dar tempo de entregar sexta-feira.
- Obrigado. Mas o senhor acha que eles vão dar esse tempo?
- Será preciso, meu caro, afinal de contas, como você vai saber se é seu filho? Mesmo que tivessem um relacionamento duradouro, vocês estão separados... Há quanto tempo mesmo?
- Um ano! - falou Phillip com veemência.
- Então. Um ano separados, ela teve outros parceiros, acredito eu. Então vamos provar se essa paternidade é sua ou não. Simples. Muito simples - falou Dr. Murilo enfático.
- O senhor fala com uma confiança, que me sinto até mais calmo.
- Tudo vai dar certo, garoto. Tenha confiança em mim. Afinal, nos conhecemos há muito tempo, sei como você é, sei do seu caráter.
- Obrigado, Dr. Murilo. Posso te pedir um favor?
- Sim, sim, claro! 
- Peço para que não conte nada aos meus pais. Preciso ter essa conversa com eles hoje. Ainda não tive tempo para isso.
- Que isso, Phillip, eu respeito, não vou falar nada ao seu pai, fique tranquilo, mas resolva isso logo. 
- Claro. Obrigado mais uma vez. Assim que eu tiver alguma notícia eu ligo. O senhor também, entre em contato. 
- Sim, combinado!
E desligaram a ligação. Phillip resolveu dar um tempo no trabalho e ir até a papelaria, precisava comprar algo.
Assim que ele saiu, Ana, a recepcionista, recebeu uma ligação. Era Luciana querendo falar com Phillip e com a informação de que ele não estava no trabalho, resolveu fazer algumas perguntinhas indiscretas a Ana.
- Aninha, querida, você pode me tirar uma dúvida? - perguntou Luciana num tom afetado.
- Sim, claro, Dona Luciana! - falou Ana com sua habitual simpatia.
- A namoradinha do Phill, ela trabalha aí? - perguntou delicadamente.
- Não, não, ela trabalha numa biblioteca próxima a Parnaso. - informou Ana.
- Hmmm. Ok, Ana, você foi muito útil, beijinhos. - falou Luciana desligando a ligação na cara de Ana.
"Preciso dar um susto naquela menina, dizer que ela não é bem vinda ao meu relacionamento com Phillip. Essa pobretona tem que largar o osso" , pensou enfurecida Luciana.
Luciana então resolveu dar um pulinho como quem não quer nada à Biblioteca. Pensava mesmo em buscar uma leitura, afinal estava grávida e tinha que fazer alguma coisa para passar o tempo, pois depois, não teria tanto assim. 
"Bem, talvez tenha mais tempo, pois com a gorducha pensão de Phillip, eu teria várias babás para me ajudar...", pensou Luciana sorrindo sarcasticamente.
Assim que entrou na Biblioteca, viu um lugar apinhado de gente e de livros por tudo quanto era lado. Luciana imaginava um lugar decadente, com os livros caindo aos pedaços e algumas estantes vazias, num ambiente sujo, mas tinha que admitir, era um lugar muito agradável.
Avistou o balcão e não viu Carolina. Resolveu esperar procurando um livro do seu interesse.
Sara estava no balcão, enquanto Carolina e Celso estavam próximos organizando alguns documentos. Celso avistou Luciana e falou:
- Olha lá, carinho, aquela mulher fina e elegante!
Carolina foi em busca da pessoa que Celso falava e levou um susto! Era Luciana!
- Meu Deus, é a ex-mulher do Phillip, o que ela está fazendo aqui?
- Aquela ali é a ex dele? Mulher elegante, hein? Tirando aquele louro cor de ovo brega... - falou Celso tentando não chatear a amiga.
- Será que ela sabe que eu trabalho aqui? - perguntou Carolina preocupada.
- E se souber, carinho? Ela não vai fazer nada contigo, até porque, estarei aqui para defendê-la! - Celso estava achando tudo muito engraçado.
- Não, Celso... Essa mulher não presta! 
- Fica calma, Carol, são três contra uma, se ela vier falar algo que a chateie, a gente te defende! - falou Sara se aproximando.
- É isso aí! Mas agora, vamos fingir que não estamos notando sua presença...
- Anda Carol, vamos voltar ao trabalho, esqueça! - falou Celso como uma ordem.
Mas Carolina não conseguia se concentrar no trabalho.
Logo em seguida, Luciana apareceu toda exuberante e iluminada até o balcão e informou que iria levar o livro. Todos ficaram mudos e inertes a aparição de Luciana. Sara como manda o figurino, fez sua ficha cadastral e com simpatia entregou o livro, que era "A Bíblia do Bebê". Carolina, que estava com Celso a alguns centímetros de distância de Luciana, ficou parada olhando, sem reação e foi aí que Luciana falou:
- Ahhh, então é aqui que você trabalha. Olha só, que coincidência terrível, poderia encontrá-la em qualquer lugar, mas alguém quis que fosse aqui. 
Carolina nada disse e tão pouco os outros dois. De repente, Luciana apontou o dedo em riste para Carolina e falou:
- Aproveitando que estou cara a cara com você, digo que quero que você mantenha distância de Phillip, pois como bem sabe, ele vai ser pai e terá o tempo livro dedicado ao nosso filho, portanto, queridinha, é melhor que eu mesma resolva isso. Eu.Quero.Que.Você.Suma! - falou pausadamente.
Sara interveio.
- Ei, quem tem que decidir isso é Phillip e Carolina! E se você quiser resolver esse atrito, que seja longe daqui, a Biblioteca não é nenhum boteco, é um lugar de respeito, portanto minha senhora retire-se daqui ou chamo a segurança! - falou Sara cerrando os olhos.
- Conheço a saída e já estava mesmo indo embora. Já dei o recado e foi ótimo, pois vocês ouviram também, assim pode lembrá-la mais tarde. Ela já está avisada. Não será ela quem irá atrasar o meu sucesso!
Carolina ficou tão atordoada que não tinha o que falar e foi até melhor, pois não queria confusão com essa mulher.
Luciana saiu da Biblioteca como se fosse uma modelo de um desfile de moda e assim que avistou uma enorme lata de lixo de inox ao lado da porta, jogou com toda a força o livro que iria levar para casa e disse:
- Eu não vou precisar desta porcaria! - e saiu batendo a porta atrás de si.
Os três se encararam depois dessa cena de novela mexicana e começaram a rir. 
- Misericórdia! Essa mulher é uma louca! "atrasar o meu sucesso" - repetia Celso.
- Louca é pouco, precisa urgente de um tratamento, é insana! - falou Sara.
- Eu fico me perguntando se ela sempre foi assim ou a máscara caiu agora... - falou Carolina.
- Acho que a máscara caiu agora, Carol. Phill não ia aguentar uma mulher assim, aliás, acho que nenhum homem, né, Celso?
- Não pergunte isso a mim, carinho! - falou Celso com cara de tédio.
- Você viu o olhar de demoníaca dela? - perguntou Sara.
- Bem, em todo caso, carinho, acho que você deve ficar mais atenta com essa aí. - alertou Celso. E acho melhor você falar com Phillip sobre isso.
- É, vou fazer isso. - Neste dia, Carolina foi para casa pensativa.


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