24 setembro 2012

15 - Pôr do Sol


Mesmo depois de ter falado com Carolina ao telefone, Phillip ainda estava pensando no que ela dissera no Speed Dating"Você não é meu namorado...".
Queria muito pedir Carolina em namoro, como deveria ser. Ter toda a certeza e ela também de que estariam comprometidos. Mas queria algo marcante, algo que a impressionasse. Phillip gostava do resultado dos encontros que fazia com Carolina. O longo sorriso com aquelas covinhas e a maneira que ela mexia os cabelos quando ficava sem graça o deixava entorpecido. Realmente, achava mesmo que estava apaixonado.
"Phillip foi flechado, quem diria." pensou ele.
Phillip estava no aeroporto, fazendo um lanche e esperando a hora de ir embora, era uma hora da tarde e assim que chegasse, buscaria Carolina para um passeio. Seria um ótimo momento para expressar seus sentimentos para sua amada.
Enquanto esperava, abriu a mochila para ter certeza que o presente dela estaria ali, não queria esquecer. Assim que seu voo foi anunciado, ele se levantou. Era o primeiro a chegar à fila.


Carolina estava no trabalho, fazendo as arrumações e esperando a ligação de Phillip a qualquer momento. Ele não saía de seu pensamento, mas fazia de tudo para espalhar isso com muito trabalho.
Por volta das 15 horas, Phillip liga para Carolina.
- Carol, oi! Já estou no Rio e doido para ver você. Vou te buscar em 1h. - falou Phillip apenas informando.
- Mas eu ainda estarei no trabalho! - respondeu Carolina.
- Inventa alguma coisa então, preciso falar com você. 
- Ai, Phill!
- A, B, C. Se eu não achar você em sua casa, busco você no trabalho, que tal? - riu Phillip.
- Você é quem manda! 
E desligaram. Carolina foi correndo até Sara contar a novidade. 
- Sara, o maluco do Phill me ligou dizendo que em uma hora estará lá na minha casa para me levar a algum lugar, o que eu faço?
- Você vai, ora!
- Mas como vou sair, estarei aqui ainda!
- Carol, pode ir, está calmo hoje e qualquer coisa, eu e Celso seguramos a barra. Amiga, se ele quer te ver, ele vai te ver, simples assim.
- Não sou um cachorrinho que o dono pega pela coleira e obedece.
- Ah... Até parece! Para de drama. Quem dera se fosse comigo, você estaria falando com um espectro agora. - Sara riu de Carolina fazendo drama sem razão. E continuou - E se alguém perguntar por você, falo que teve uma emergência. Dona Berenice não vai aparecer hoje por aqui, só segunda!
- Hmmm, tá bom! - correu em direção a Sara e deu um beijo em sua bochecha.
- Ótimo passeio e bom fim de semana! - gritou Sara.
- Pra você também! - Carolina pegou sua bolsa e fechou a porta da biblioteca com estridência.
Carolina olhou para o relógio: 15.39h. "Ainda dá tempo", pensou.
Assim que Carolina chegou em casa, correu para o banheiro para tirar todo aquele suor. Tomou uma ducha rápida, saiu correndo do banho enrolada em sua toalha verde e foi direto para o quarto. Reparou que não tinha ninguém em casa, para variar...
Carolina perdeu minutos preciosos desembaraçando e penteando os longos cachos. Quando terminou, escolheu uma roupa leve, pois fazia muito calor. Pegou um short branco, uma blusinha de manga curta rosa estampada com um pássaro, um cinto trancinha caramelo, uma sapatilha amarela e os vestiu. Borrifou seu perfume em partes estratégicas; nunca, pescoço, pulsos, nas dobras dos cotovelos e um pouquinho na ponta do nariz. Escolheu um batom claro e realçou os olhos com um rímel para os cílios. Olhou-se no espelho e se sentiu muito bem. Foi dar um beijinho em Agatha, pegou sua bolsa tiracolo e desceu para esperar Phillip. O relógio batia quase 16 horas.
Assim que desceu, viu a Land Rover chegando. Não esperou nem meio segundo e correu para ele.
- Oi. - Carolina falou abrindo um sorriso. - Saudade!
- Oi. - respondeu Phillip abraçando Carolina. - Vamos para a praia! - prosseguiu. E zarparam, fazendo cantar o pneu. 
Conversaram sobre a estadia de Phillip em São Paulo e das arrumações que Carolina fizera no trabalho e em casa.
- Tirei esse tempinho para dar uma geral no trabalho e em casa. - contou Carolina.
Enquanto conversavam, Carolina admirava a vista dos bairros que percorriam, até chegar finalmente no local de destino: Ipanema.
- Muito tempo que não vinha para essas bandas. - falou Carolina encantada.
- Sabe que eu também não? Ultimamente tem sido tudo tão agitado.
- A gente se esquecedecomo é bonito esse lugar, parece que estamos em outro país! - exclamou Carolina.
- Parece mesmo! É muito bonito.
Phillip estacionou o carro próximo ao Posto 9. Phillip vestia bermuda xadrez, uma camisa branca e um sapatênis. Estava bem à vontade e feliz. 
Pararam numa barraca na orla e pediram águas de côco bem geladinhas. Enquanto tomavam, caminhavam pela orla, admirando a vista e observando as pessoas. 
- A água deve estar quentinha agora, né? - perguntou Carolina.
- Acredito que sim... Você quer testar?
- Queria sim, mas não agora. - falou Carolina, bebendo sua água.
Enquanto caminhavam em silêncio, Phillip foi direcionando sua mão até a mão de Carolina e sem alarde, a segurou e a apertou com firmeza. Carolina deu um sorriso de felicidade sem olhar para Phillip, imaginando que ele estaria fazendo o mesmo. E assim foram, caminhando de mãos dadas vislumbrando aquela praia maravilhosa.
- Vamos até aquela pedra? - perguntou Phillip apontando para a pedra do Arpoador.
- Não é perigoso, Phill?
- Claro que não e mesmo assim, você está comigo, nada irá acontecer.
- Então vamos, vamos sim! - falou Carolina radiante.
Assim que chegaram às pedras do Arpoador, Carolina estendeu uma pequena canga e se sentou, Phillip fez o mesmo, ficando lado a lado e sem esperar muito, entregou o presente para Carolina. O embrulho era muito bonito, uma caixinha azul pequena com um laço dourado. Só a caixinha já tinha encantado Carolina. Ela abriu cuidadosamente o embrulho e se deparou com um belo colar dourado bem delicado com um pingente de coração alado cheio de pequenos brilhantes. 
"Parece que é de ouro de tão delicado que é. Não acredito, é lindo!", ela pensou.
Carolina sorriu encantada. Achou lindo. Phillip, então pegou o colar de suas mãos e com toda a delicadeza colocou no pescoço de Carolina, antes, porém, ajeitou seus cabelos para um lado. Carolina sorria para o horizonte, enquanto a vontade de Phillip era beijar aquela nunca cheirosa e macia.
- Me deixa ver como ficou. - falou Phillip.
Carolina colocou a mão no pingente e feliz, mostrou para Phillip, que falou:
- Aposto que ficou lindo! É um belo presente. Obrigada, Phill, eu amei!
- Ficou muito bem em você. Acho que soube escolher algo que lhe agradasse. Não sou muito bom em dar presentes... - falou Phillip.
- Você não teve nenhuma ajuda?
- Nenhuma! - falou Phillip apertando os lábios. Era mentira, pois ele pedira ajuda a vendedora da loja, que oferecera várias opções e o escolhido tinha sido esse, logo de cara.
- Carol?
- Que?
- Sabe, fiquei pensando muito no que você disse outro dia no Speed Dating... 
- O que foi que eu disse? - perguntou Carolina.
- Disse que eu não era o seu namorado.
- Ah... - Carolina ficou sem graça.
- Essa viagem que eu fiz, pude colocar os pensamentos em ordem e percebi o quanto você me fazia falta.
- Sério?
- Seríssimo. Sabe, Carol, eu fiquei um bom tempo sem pensar nessas coisas, porque queria foco no trabalho. Depois do que penei por causa da Luciana, me dei um tempo. Praticamente um ano sabático.
- Sei... Eu imagino como se sente, Phillip.
- Imagina? - Phillip ficou surpreso. - Bem... Então, depois que conheci você, vi que realmente podia tentar, tentar achar algo que eu realmente me importasse. Digo isso em relação a alguém. Pois meu trabalho é importante, mas faltava algo a mais.
Carolina o observava atenta, pegando refúgio no pingente de seu colar.
O sol estava quase se pondo. As pessoas se aproximavam, todas olhando para o horizonte, esperando o show do pôr do sol começar.
- Eu queria que esse dia fosse especial, por isso trouxe você até aqui. Aqui é um lugar que vinha sempre quando era criança, com meus pais. Marcou-me em um certo ponto.
- É lindo mesmo, estou adorando a vista e sua companhia. Adoro tudo quando...
Carolina não conseguiu terminar a frase, pois foi surpreendida com um beijo suave e apaixonado. Carolina retribuiu com bastante paixão, cedendo finalmente aquele beijo tão esperado. Phillip a beijava e acariciava seus cabelos macios, deixando-a arrepiada.
Enquanto isso o sol estava quase sumindo e as pessoas ao redor batiam palmas envaidecidas com tamanha beleza.
Phillip e Carolina enfim selaram sua paixão, pararam um pouco de se beijar para olhar o que todos estavam olhando e sorriram um para o outro.
Phillip pegou as mãos de Carolina e num movimento rápido, perguntou:
- Você quer ser minha namorada?
- E você precisava perguntar isso, Phill? É claro que sim, meu bem!
E se beijaram novamente, desta vez com mais intensidade, fazendo com que as pessoas que estavam próximas batessem palmas e dessem gritinhos de "Uhull", "Aêêê", para o novo casal.

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